“As pessoas, eventos e espaços de São Paulo que experienciei confirmam o interesse coletivo do ruangrupa pela noção de “excedente”. Para ser mais preciso, divido esse excedente em três:
1. Espacial – moradia como ato político é possível nesta cidade, onde a produção espacial é abundante mas a propriedade espacial vive o oposto. Os vários movimentos de ocupação revelam como é absurda a fé na lei da oferta e da procura.
2. Temporal – notei pelo menos 6 palavras diferentes para se referir a “festa”. Happy Hour (hora feliz) é engraçado. O que é feliz? – a hora, as pessoas que estão tendo a hora, ou o fato de que a hora tem de ser destinada exclusivamente para determinado sentimento? Será que o tempo é o aspecto mais planejado da nossa vida?
3. Recursos – do natural, material, ao humano. Reinterpretar desperdícios é possível quando os consideramos como necessidades excessivas a qualquer processo produtivo. Desta forma, podemos facilmente tornar visível o invisível, colocando o nosso olhar sobre algum lugar que não deveríamos olhar”.
PS: Imagens de um caderno que mantive durante a visita à São Paulo, usando os materiais ‘excedentes’ da visita em si – itens que usei e continuarei usando, itens que geralmente são descartados quando já não são utilizáveis – mapas, canhotos de ingressos, recibos, cartões de contato..