Restaurante Coati
Lina Bo Bardi, João Filgueiras Lima – Lelé, Marcelo Ferraz, Marcelo Suzuki
Salvador – BA, 1987
Desenho: Marcela Peres
O projeto de 1987 para um restaurante localizado na região do Pelourinho, em Salvador, tem como partido a composição de planos de vedação autoportantes que conformam espaços curvilíneos, como também configuram mirantes para a Baía de Todos-os-Santos. Os planos horizontais configuram-se como arrimos habitados, adquirem uma nova camada de significado e funcionalidade: eles passam a definir e articular o espaço, tanto na escala urbana como na organização interna dos ambientes. Além disso, o espaço construído dissolve temporariamente a dicotomia estabelecida entre tectônica e estereotomia, pois a massa construída do muro é, em um único gesto, o elemento que garante a estabilidade e que responde pela conformação da superfície envoltória de peças pré-fabricadas de argamassa armada. Ao invés de ser reduzido a um componente técnico, ele se torna um gesto arquitetônico que sintetiza estabilidade, definição formal e expressão artística em um único espaço. A materialidade desses muros habitados também desempenha um papel crucial na sua experiência sensorial. Ao se trabalhar com concreto, pedra ou outros materiais maciços, a própria textura e a percepção do peso da construção se tornam partes integrantes da arquitetura. Além disso, a inclusão de elementos como aberturas, passagens, rampas fazem deste exemplo de arrimo habitado um organismo dinâmico, que dialoga com o entorno e se ajusta às necessidades de cada situação em que a estratégia é aplicada.
Essa é uma das estratégias apresentadas no segundo ato da exposição (RE)INVENÇÃO, com curadoria de Luciana Saboia, Matheus Seco e Eder Alencar, do grupo Plano Coletivo, que ocupa o Pavilhão do Brasil durante a 19ª Mostra Internacional de Arquitetura – La Biennale di Venezia. Para conferir todas as estratégias, leia a publicação digital da mostra.