O relógio não marcava nem 7h da manhã, quando o grupo animado de professoras de artes da diretoria de Barretos saiu rumo à capital paulista. Saíram cedo do interior com medo de se atrasarem para o Programa Completo agendado com a equipe do Educativo Bienal na mostra 30 × bienal – Transformações na arte brasileira da 1ª à 30ª edição.
Após 6h de viagem, elas chegaram ao parque do Ibirapuera, e como a programação estava marcada apenas para às 16h, as professoras aproveitaram para almoçar e visitar os outros museus do parque como o MAM, o Museu Afro e o MAC.
“Procuro vir todos os anos. Gosto muito de ver as ideias, os trabalhos. Toda vez é uma leitura de obras diferente, obras que muitas vezes eu já vi em outro contexto, outra interpretação. É muito interessante”, disse a professora de artes de Barretos Isabel Helena Franco.
O Programa começou com uma apresentação informal das participantes com as fichas de artistas do material educativo da 30 × bienal. Cada uma escolhia uma ficha e explicava o porquê da opção. Após essa dinâmica, a palestrante do Educativo Bienal Regiane Ishii seguiu com um histórico da Bienal, passando por momentos importantes.

Em seguida, o grupo seguiu para a visita orientada pela exposição. Ao passar pela sala dos concretos a professora de artes em Olímpia Marcia de Oliveira disparou:

“As relações de linhas e formas nessa sala me levam para outro lugar. Analisando o trabalho de Lygia Clark, olhando os quadros e a escultura dos bichos, vejo na poética da artista como ela foi influenciada, você percebe o caminho e a trajetória do trabalho”, e completou: “Eu sempre venho para São Paulo, especialmente nas férias. Aproveito para ver todas as exposições que consigo. Aliás, preciso elogiar o trabalho da itinerância da 30ª Bienal. Achei uma sacada levar a exposição para o SESC de Rio Preto, adorei. Até porque o interior precisa de mais exposições e foi uma bela iniciativa.”
A professora de artes em Barretos Silvia Queiroz contou que começou a trabalhar com seus alunos os artistas concretos justamente porque na época da faculdade ela tinha muito dificuldade com o movimento. “Desconstruí a imagem que tinha dos artistas concretos e fui lá atrás resgatar trabalhos para meus alunos começarem a criar a partir do concretismo”, explicou.

A visita orientada levou em média 1h30 de duração e passou por artistas concretos, neoconcretos e contemporâneos. O Programa Completo, que envolveu palestra e visita orientada, finalizou às 19h.
“Tudo foi maravilhoso. Achei que essa mostra tem menos obras que a exposição anterior, e visto que viemos do interior esse é um fator positivo, pois conseguimos dar uma volta aqui e ver bastante coisa. Porque sabe como é, queremos ver tudo, mas muitas vezes não conseguimos e dá uma sensação de angustia (risos). Mas essa exposição está ótima, a palestra também veio para agregar”, disse a professora coordenadora do Núcleo Pedagógico de Arte da Diretoria de Barretos Maria de Lourdes Souza Fabro e finalizou:
“Como estou na diretoria, vejo as visitas como uma oportunidade de ampliar o conhecimento e o repertório delas com artes visuais. Sempre buscamos visitar o maior número de museus e exposição que trabalham com a arte contemporânea. Para começar, fomos a Inhotim, que foi muito bom para quebrar o trauma com arte contemporânea. Afinal, fomos criados em um mundo bidimensional, e não é fácil trabalhar com arte conceitual, pois são outros questionamentos. Agora com essa visita tenho certeza que as professoras estarão ainda mais a vontade de trabalhar esses assuntos com seus alunos.”
Texto: Vivian Lobato
Foto: Sattva Horaci