Em 2002, o paulistano Rubens Mano montou, na 25ª Bienal, a controversa instalação Vazadores, uma espécie de passagem secreta que permitia o acesso à mostra sem pagamento de ingresso (a Bienal se tornaria gratuita apenas alguns anos depois). Apesar de ter sido aprovado pelo curador Agnaldo Farias, o projeto foi sendo modificado pouco a pouco. Quando a exposição começou, um segurança foi escalado para controlar o ir-e-vir dos visitantes – apenas dez pessoas por hora podiam atravessar o corredor secreto. Descontente com a postura da então diretoria, Mano retirou-se da mostra dizendo que a obra havia perdido seu sentido.
“Os meus trabalhos costumam mais relevar questões latentes do que propriamente construir. O que eu percebo é que naquela edição, embora a Bienal se propusesse a discutir a metrópole, ela se fechava” , relembra mais de dez anos depois.
A segunda participação viria em 2008, respondendo ao convite do curador Ivo Mesquita. Ali, exibiu o vídeo Contemplação Suspensa, exposto agora novamente em 30 × Bienal.
Numa tela vertical, o espectador acompanha um percurso de helicóptero cruzando a cidade de norte a sul.”A captação foi feita com uma câmera acoplada ao nariz do helicópetero, apontando para baixo”, explica o artista “O resultado é um plano sequencia sem corte, uma tomada picada em que não há horizonte, não há muita perspectiva. O que existe é esse traço que de alguma maneira escaneia a cidade”
Na ocasião, Mano viu como positiva a instalação do andar vazio que marcou a 28ª edição: “Apesar dos problemas que enfrentou, essa Bienal foi muito potente. A crise existia sem ser explicitada e de repente se materializou na própria exposição. Foi uma curadoria corajosa, ousada e inteligente do ponto de vista da criação.”
|imagens: ©Arquivo Rubens Mano e ©Pedro Ivo Trasferetti