Os pesquisadores Rodrigo Krul e Izabela Pucu no Arquivo
“No final de 2011, realizei pesquisa no Arquivo Histórico Wanda Svevo (AHWS) durante uma semana. O assunto principal era o escritor, crítico de arte e historiador Mário Pedrosa, sua participação nas primeiras edições da Bienal Internacional de São Paulo e, mais especificamente, sua atuação como diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) e organizador da sexta edição da Bienal, em 1961.
Se a riqueza documental encontrada no AHWS foi algo que de saída chamou a atenção, seria importante pontuar também a qualidade do atendimento realizado pelas pesquisadoras Ana Paula Marques, Fernanda Curi e Giselle Rocha. A agilidade no acesso aos documentos, bem como na sua reprodução, foi fundamental para o sucesso da pesquisa, ainda que a maior parte desse importante acervo, que guarda memória valiosa da história da arte no Brasil, não esteja digitalizada e devidamente acondicionada. Em outras instituições da cidade de São Paulo encontramos também pessoas realmente engajadas em suas atividades, como na biblioteca do MAM-SP, coordenada por Léia Cassoni, e no Centro de Documentação e Memória da Unesp, coordenado por Antonio Celso Ferreira, o qual, dentre os locais pesquisados, apresenta estágio de catalogação e digitalização mais avançado.
Apesar de estar longe do ideal, a situação encontrada no AHWS supera em qualidade a da maioria dos centros de pesquisa, cuja precariedade, sob todos os aspectos, reflete de forma emblemática o descaso com a pesquisa neste país – principalmente quando não se trata da investigação em torno de tecnologias rentáveis, como, por exemplo, as voltadas para a extração de petróleo nas camadas mais profundas do fundo do mar.
Os poucos centros de pesquisa em arte que ainda resistem – o Centro de Documentação do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, tão importante quanto o AHWS, está fechado ao público há anos – são sustentados pelo esforço de pessoas que contribuem individualmente para o fomento dessa atividade.
A mudança urgente desse panorama se coloca como um desafio fundamental ao desenvolvimento do campo da arte – e da cultura de forma mais ampla – que deve ser encarado por meio de políticas públicas consequentes, implementadas em parceria com a iniciativa privada”.