Ocupação 9 de Julho
Movimento Sem Teto do Centro (MSTC)
São Paulo – SP, desde 2016
Desenho do mapa: Lucas Marques
Em São Paulo, temos alguns importantes exemplos da estratégia do diagrama mutante, como a Ocupação 9 de Julho, construída pelo MSTC com apoio de sua assessoria técnica. Na Ocupação, o projeto busca a adequação de um edifício que originalmente servia para escritórios de uma instituição pública para ser convertido para habitação coletiva – com apartamentos e áreas comuns, em repartições que negociam formas de comunhão e cogestão. O projeto envolveu uma reprogramação dos pavimentos, com destaque para a redefinição dos espaços das unidades habitacionais e das áreas de uso coletivo. A circulação geral foi revisada, com o fechamento dos elevadores (cujo custo de manutenção seria demasiado grande) e a centralização do uso da escada como acesso principal aos andares residenciais. A transformação da torre, inicialmente projetada para escritórios em um edifício de habitação coletiva, ocorreu por meio de cortes precisos, com demolições e construções pontuais, como a abertura de portas e o fechamento de ambientes. Além disso, foram projetadas instalações prediais – como luz, água e esgoto – de forma aparente, a fim de facilitar a construção, manutenção e futuras alterações.

O edifício está posicionado entre duas ruas com uma grande diferença de nível. Todos os espaços desse desnível formam uma ampla área coletiva que se estende tanto para os espaços externos, com uma horta e galpões para eventos, quanto para o andar que conecta ao nível da rua Álvaro de Carvalho. Acessível por uma ponte, o andar foi projetado para promover o uso comum, oferecendo uma cozinha coletiva para eventos, oficinas de trabalho e acesso à galeria de arte situada no andar inferior, no nível da rua 9 de Julho. O edifício está em constante atualização e modificação.
Atualmente, por exemplo, alguns terraços estão sendo transformados por cortes e adições leves para a criação de um espaço para artes performáticas, como dança e teatro. Os projetistas dessas alterações – moradores, participantes do MSTC e arquitetos que formam a assessoria técnica – trabalham continuamente em um projeto que assume a incompletude como forma de pensamento projetual.

Essa é uma das estratégias apresentadas no segundo ato da exposição (RE)INVENÇÃO, com curadoria de Luciana Saboia, Matheus Seco e Eder Alencar, do grupo Plano Coletivo, que ocupa o Pavilhão do Brasil durante a 19ª Mostra Internacional de Arquitetura – La Biennale di Venezia. Para conferir todas as estratégias, leia a publicação digital da mostra.