Em 1967, o recém-formado José Resende apresentava na 9ª Bienal de São Paulo sua Homenagem ao Horizonte Longínquo. Inspirado pelas lendas que o tio postiço Paulo Mendes de Almeida lhe contava para dormir, o artista, de então 22 anos, criou uma escultura vertical com bichos aplicados em decalque. Materiais sintéticos coloridos fazem ecoar experiência infantil, algo da arte americana e a influência de Wesley Duke Lee, seu professor entre 1964 e 1965.
“Essa obra foi remontada algumas outras vezes [inclusive numa das salas históricas da 29ª Bienal], mas nunca por mim”, contou o artista durante a montagem de 30 × Bienal, reerguendo a estrutura de sustentação da obra em alumínio, retirando a poeira dos fragamentos em plático e algodão e discutindo com o curador Paulo Venancio Filho o melhor posicionamento para a escultura.
Primeira investida de fôlego depois do período no grupo REX (ao lado de Nelson Leirner, Geraldo de Barros, Carlos Fajardo e Frederico Nasser), a participação na Bienal terminou bem: sua obra foi agraciada com o Prêmio Itamaraty: “Criança, eu não sabia o que queria dizer o ‘horizonte longínquo’ a que meu tio se referia. Horizonte Longínquo na minha cabeça virou um bicho”, diverte-se hoje Resende. A vida estava só começando.
|imagens: ©Gustavo Rosa de Moura e ©Pedro Ivo Trasferetti