• Acessibilidade
      Fonte
    • A+
    • Aa


  • Agenda
  • Busca
  • pt
    • en
  • Bienal
  • fundação
  • bienal a bienal
  • Agenda
  • +bienal
  • biblioteca
  • Arquivo Histórico
  • 70 anos
  • Pavilhão
  • apoie
  • café bienal
  • transparência
  • relatório de gestão 2019-2021
  • Imprensa
  • contato
  • identidade visual
Home Notícias Ondas Paradas de Probabilidade

22 out 2013

Ondas Paradas de Probabilidade

Milhares de fios de náilon suspensos, fixados numa área de 5 m² disposta no teto, compõem a misteriosa Ondas Paradas de Probabilidade (1969) de Mira Schendel. Na parede, um salmo do Antigo Testamento acompanha a obra, como um enigma a ser desvendado...

Instalação da obra “Ondas Paradas da Probabilidade” de Mira Schendel. Registro da montagem da mostra 30 x Bienal no Pavilhão Bienal. São Paulo, 13/09/2013. © Pedro Ivo Trasferetti / Fundação Bienal de São Paulo

Milhares de fios de náilon suspensos, fixados numa área de 5 m² disposta no teto, compõem a misteriosa Ondas Paradas de Probabilidade (1969) da artista suíça, radicada brasileira, Mira Schendel. A uma altura de 3m do chão, os fios se estendem por 30cm a mais do que o esperado, deixando uma delicada curva quando tocam o solo. A iluminação lateral é fria, mas a luz ambiente é que ganha especial relevância, quando refletida, a cada hora do dia, em pontos diferentes desta chuva silenciosa. Na parede, um salmo do Antigo Testamento acompanha a obra, como um enigma a ser desvendado:

“E ele falou, saia e suba nesta montanha perante a face do Senhor. Eis que o
Senhor passou. E um grande e forte vento que quebrava as montanhas e rasgava
as rochas precedia o Senhor. Mas o Senhor não estava no vento. Mas do vento
veio um terremoto. Mas o Senhor não estava no terremoto. E depois do terremoto
veio um fogo. Mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo veio a voz de
um suave sussurrar” – do Velho Testamento, Reis I

Instalação da obra “Ondas Paradas da Probabilidade” de Mira Schendel. Registro da montagem da mostra 30 x Bienal no Pavilhão Bienal. São Paulo, 13/09/2013. © Pedro Ivo Trasferetti / Fundação Bienal de São Paulo


Ondas Paradas
… foi criada em razão da 10ª Bienal (1969), popularmente conhecida como a “Bienal do Boicote”. Neste contexto, a obra é compreendida até hoje por seu potencial político. Em tempos de turbulência, o silêncio público refletia a negação de acontecimentos que não cessavam durante o regime militar, como a violência do Estado contra a liberdade e os direitos civis. Restava ao povo sussurrar, como faria a própria Mira, no mesmo ano, em carta escrita a Jean Gebser, publicada pela editora Cosac Naify:

“[…] Fui convidada a participar de nossa décima Bienal. O regulamento mudou. Vinte e cinco brasileiros foram convidados desta vez. Outros 25 serão admitidos por um júri. E aquilo que em Veneza e adjacências já é coisa do passado é novidade por aqui. Holanda, França e Suécia aparentemente se recusaram a participar. Também se recusaram alguns dos 25 brasileiros convidados. Por motivos (num primeiro plano!) também válidos. Perspectivamente estou de acordo com eles. Aperspectivamente, porém, tenho que aceitar o convite. Aperspectivamente tem “valor quântico” também no “primeiro plano”. A transparência. O modelo será montado no próprio local. No tocante ao dinheiro, custará menos de 10 francos suíços. E também não me importo se o destruírem. Depende da possibilidade de ver-se nele algo ou nada se perceber. De modo que se alguém deixar intactos esses finos fios de náilon, cortá-los com raiva ou arrancá-los, no fundo (plano de fundo!), isso não teria a menor importância. Divirto-me com isso”.

Obra “Ondas Paradas da Probabilidade, de Mira Schendel
Registro da montagem da mostra 30 x Bienal no Pavilhão Bienal. .São Paulo, 04/09/2013. .© Leo Eloy / Fundação Bienal de São Paulo

Sobre a estética da obra, Mira escreveu em seu diário que trata-se do ato de dar visibilidade ao invisível. Uma espécie de ‘silêncio visual’ que aponta para a libertação. Explica a pesquisadora Débora Rosa, atual supervisora do Educativo Bienal, que é neste momento que o título do trabalho toma força: “Remetendo à Física Quântica que, entre tantas teorias, escolhe a do físico Fred Alan Wolf: ‘a realidade, como você a conhece, é formada por ondas de probabilidade organizadas pela consciência humana, ou seja, você observa, as coisas acontecem, você não observa, elas não acontecem”.

Em sua percepção, assim é a obra de Mira: uma chuva que continua parada, a acontecer, independente de nossos olhares: “Entre todos os elementos, somos convocados a experienciar, com a liberdade do que queremos e podemos ver, com a crença que nos cabe. Como na passagem bíblica de Elias que, após ventanias, terremotos e fogo, ouve um suave sussurrar. Por isso o náilon é matéria fina, porém resistente, capaz de erguer um peixe, mas transparente, possibilitando ver através” – completa Débora.

Grupo de alunos em visita guiada do educativo observam a obra ” Ondas paradas da probabilidade”, de Mira Shendel
Registro da visitação da mostra 30 x Bienal no Pavilhão Bienal. .São Paulo, 01/10/2013. .© Leo Eloy / Fundação Bienal de São Paulo.

Cientes que estamos da elegância crítica de Ondas Paradas, vale ressaltar que grande parte da produção de Schendel, judia exilada durante o regime nazista, abarca universos delicados, a tentativa de dizer muito em gestos pequenos, usando de materiais finos e transparentes – o que a curadora Stela Barbieri chamaria de “sutileza da impermanência”.

Ondas Paradas de Probabilidade pode ser vista 30 × Bienal, até 8 de dezembro, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque do Ibirapuera.

|imagens: ©Leo Eloy e Pedro Ivo Trasferetti
|agradecimentos: Stela Barbieri e Débora Rosa

Leia também


Acessar +bienal
30 anos de KW: fim de semana de aniversário, 2021Foto: Valerie Schmidt / Cortesia: KW Institute for Contemporary Art
Notícias14 mar 2023

Projeto da 35ª Bienal é apresentado em Berlim

KW Institute for Contemporary Art convida Grada Kilomba, parte do coletivo curatorial da 35ª Bienal, para conversa aberta

Saber mais
© Adrian Deweerdt / Cortesia: LUMA Arles
Notícias14 mar 2023

Projeto da 35ª Bienal é apresentado em Arles

LUMA Arles convida Diane Lima e Manuel Borja-Villel, parte do coletivo curatorial da 35ª Bienal, para conversa aberta

Saber mais
Notícias14 mar 2023

Grupo teatral As Malecuias estreia Monstro no Sesc Santo André

Peça é realizada pela Fundação Bienal de São Paulo em parceria com o Sesc

Saber mais

Newsletter

Receba a Newsletter da Bienal

Bienal

  • Fundação
  • Bienal a Bienal
  • Agenda
  • +bienal
  • Biblioteca
  • 70 anos
  • Arquivo Histórico
  • Pavilhão
  • Apoie
  • Café Bienal
  • Transparência
  • Relatório de Gestão 2019-2021

  • Contato
  • Identidade Visual

Fundação Bienal de São Paulo

Av. Pedro Álvares Cabral, s/n - Moema CEP 04094-050 / São Paulo - SP

Contato

+55 11 5576.7600 contato@bienal.org.br

Privacidade
•
Termos de uso
Copyright © 2023 Bienal de São Paulo