Entrevistamos Alberto Svevo, filho de Wanda Svevo, fundadora do Arquivo Histórico Wanda Svevo, para montar um perfil da vida de sua mãe.
Figura fundamental na cena cultural paulistana, Wanda foi secretária-geral da Bienal de São Paulo de 1951 a 1962, quando faleceu prematuramente num acidente de avião da Varig, em 1962. Ela foi velada no próprio saguão do Pavilhão da Bienal, uma homenagem à sua dedicação incansável à arte.
Wanda Matijevic Schmitz nasceu em Trieste, no nordeste da Itália, em 11 de janeiro de 1921. Em sua cidade natal, casou-se com Mario Schmitz Svevo. Sob a ditadura de Mussolini, um dos tios de seu marido – Italo Svevo, autor de A consciência de Zeno e amigo do escritor irlandês James Joyce – adotou o sobrenome Svevo como pseudônimo, e a família passou a utilizá-lo.

Foto: Baracz
Durante a Segunda Guerra Mundial, Wanda imigrou para o Brasil, chegando em novembro de 1940. Trabalhou na Galeria Ambiente, na rua Martins Fontes, e no Museu de Arte de São Paulo (MASP) quando ainda estava localizado na rua Sete de Abril. Imersa no mundo da arte, sempre teve naturalidade para trabalhar nesse meio.
Na Bienal, Wanda organizava diversos aspectos da exposição, desde a montagem até o contato com embaixadas para as representações nacionais. Uma de suas tarefas mais exigentes era a organização do catálogo da mostra.

Foto: não identificado
Poliglota, ela falava nove línguas, incluindo russo, idioma que seu filho também teve contato junto à sua mãe. Wanda assumia os papéis de diplomata, mediadora e educadora. Certa vez, ao levar Alberto para uma exposição sobre objetos egípcios, reuniu uma pequena multidão ao explicar sobre as obras, experiência que lhe causou certo constrangimento, mas também admiração pela importante figura no meio das artes visuais.
Após a morte de sua mãe, Alberto não visitou o Arquivo por muito tempo. Retornou uma única vez ao longo dos anos, embora continuasse a frequentar a Bienal. Feliz com o reencontro, comentou sobre o legado de Wanda: “Não é um arquivo que se acabou. Ele está vivo, em desenvolvimento, e isso me deixa super contente”.

Foto: Alberto Svevo
O Arquivo Histórico Wanda Svevo, fundado por Wanda em 1955, é um dos mais importantes repositórios de arte moderna e contemporânea na América Latina. Com mais de um milhão de documentos, incluindo catálogos, fotografias, correspondências e dossiês de artistas, o arquivo preserva a memória das edições da Bienal de São Paulo e de instituições relacionadas. O Arquivo foi renomeado em homenagem a Wanda Svevo após 1963, antes disso sendo chamado Arquivos Históricos de Arte Contemporânea.

Em 1993, o Arquivo foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) como bem cultural de interesse histórico, devido à relevância de seu conteúdo.
A dedicação de Wanda Svevo à preservação da história da arte e sua contribuição para a cultura brasileira permanecem vivas por meio deste arquivo, que continua a ser uma fonte inesgotável de pesquisa e inspiração para futuras gerações.

Foto: Athayde de Barros
Este texto faz parte de uma série dedicada ao Arquivo Histórico Wanda Svevo, que completa 70 anos em 2025. Todas as imagens dessa série são ilustradas por fotos guardadas no Arquivo Bienal. Aproveite para conhecer a página do Arquivo e o seu banco de dados, sempre aberto ao público. A iniciativa tem apoio do Promac.