No livro em que Danilo Santos de Miranda escreveu ao lado do filósofo Mauro Maldonado, Na base do farol não há luz (2016), há uma frase que lhe interessava especialmente: “Nós não somos donos do mundo, nós pegamos o mundo emprestado de nossos filhos”. A frase refere-se à noção de educação e cultura como partes essenciais do desenvolvimento humano, pensamento este que Miranda levou a todas as instituições que geriu, participou, acompanhou ou aconselhou:
“Essa visão da educação, da transmissão para os nossos pósteros de um legado, mesmo que não sejam diretamente nossos descendentes, um compromisso social com a futura geração, é algo que está inerente à condição do ser humano quando percebe o seu papel” – contou em entrevista ao Sesc SP, em 2022.
Falecido neste domingo (29), aos 80 anos, Danilo Santos de Miranda foi um nome central para a cultura brasileira, à frente do Sesc SP durante quarenta anos. Sociólogo, filósofo e gestor cultural, Miranda nasceu em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, e deixou o seminário para atuar nos campos cultural, político e social. A partir de 1984, passou a dirigir o Sesc SP, onde trabalhou anteriormente como orientador social. Sob sua gestão, dezenas de unidades do Sesc foram criadas em todo o estado.
A Fundação Bienal de São Paulo está entre as diversas entidades nacionais em que Miranda foi conselheiro administrativo – ao lado de instituições como o MASP, MAM e Itaú Cultural. Sua história com as Bienais de São Paulo esteve intimamente conectada à sua história com a cidade, já que foi um frequentador das Bienais desde a década de 1970 e um grande entusiasta da arte contemporânea como ferramenta de conhecimento do mundo.
Em depoimento ao UOL, em 2006, Miranda afirmou que a Bienal de São Paulo “é exaltação, é celebração, mas é ensino, é proposta de educação, é informação sobre aquilo que a gente não tem”. O apoio de Miranda e do Sesc SP às exposições promovidas pela Fundação Bienal de São Paulo foram fundamentais para que a instituição permaneça, hoje, atuante e conectada com a cultura brasileira.
É difícil pensar a cidade e sua efervescente cultura sem a presença, apoio, sabedoria e acolhimento de Danilo Santos de Miranda. A Fundação Bienal de São Paulo agradece sua inestimável amizade.