Cerca de 120 pessoas participaram do 9º – e último – Encontro de Formação de Arte Contemporânea promovido gratuitamente pelo Educativo Bienal. Em cada um dos Encontros anteriores, eles foram apresentados aos principais nomes da arte contemporânea brasileira e vivenciaram ações poéticas transformadoras. Depois de terem sido recepcionados pela curadora do Educativo Stela Barbieri, eles foram divididos em grupos para uma visita orientada pela exposição 30 × bienal – Transformações na arte brasileira da 1ª à 30ª edição, que vai até 8 de dezembro no Pavilhão Bienal.
30 × bienal revisita as 30 edições da Bienal Internacional de São Paulo, realizadas entre 1951 e 2012. O curador Paulo Venancio Filho selecionou 250 trabalhos de 111 artistas. Oportunidade perfeita para os participantes colocarem em prática os olhares e conteúdos apresentados durante os Encontros. “Houve um comprometimento e uma participação generosa nos Encontros, com cada um mostrando sua visão da arte”, afirmou Barbieri.
O fechamento dos Encontros coube ao educador Leonardo Matsuhei, que fez “perguntas disparadoras” aos participantes, as mesmas que estão no Material Educativo e propõe fazer aproximações entre as obras escolhidas na mostra por meio de questionamentos instigantes.

Veja abaixo mais depoimentos de quem participou dos Encontros

“Uma exposição como 30 × bienal é alimento puro para a alma. Nos desperta para o inusitado, para a descoberta. Olha esta obra (apontando para a escultura de Franz Weissmann), dependendo do ângulo que se olha, ela parece mudar, ser outra. A vida é assim, essa constante transformação”
José Savio Henrique.

“Foi uma pena participar dos Encontros só agora que estou aposentada como arte-educadora. O curso me ajudou a mergulhar na obra contemporânea. Deu uma vontade de passar isso para os alunos novamente, com uma nova dimensão humana”
Roseli Maria da Cunha.

“Eu participei como monitor da 21ª, 22ª e 23ª Bienais. A proposta da exposição 30 × bienal foi um túnel do tempo para mim. Além disso, o conteúdo do Encontro foi fundamental para percorrer a exposição. Achei interessante que o educador que nos orientou construiu o discurso durante a caminhada. Vieram à tona questões como memória, identidade, coletividade, massificação”.
Leonardo Henrique Siena, que veio com um grupo de Batatais e Franca, no interior de São Paulo, especialmente para a exposição
Espiando uma visita orientada

Conduzindo um grupo de 13 pessoas que participaram do 9º Encontro, o educador Matheus Gumerato para diante de duas esculturas em aço de Amilcar de Castro.
– Que material é este? – pergunta ao grupo.
– Parece madeira – sugere alguém.
– É um metal, aço. Pesado, difícil de ser trabalhado, não? Antes de chegar nesse formato, ele criava em papel, fazendo as dobras. Se ele gostava, mandava produzir em aço. Quem é o artista aqui? Vocês acham que ele continua sendo artista ou quem executa a produção também é? – instiga o educador.
– O artista está sempre no pedestal – diz o visitante Romulo Fernandes
– Será que o artista não pode ter suas próprias limitações? Ele precisa ser o artesão? A arte não está acima da técnica? – devolve Matheus
– A obra não termina nela mesma. Permite infinitas releituras. Até as sombras que a escultura reflete não podem ser uma continuidade da própria obra? – devolve a visitante Marinete Vlasits.
Texto: Jhony Arai
Fotos: Sattva Horaci